As equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realizaram, em novembro, o transplante de indivíduos de duas espécies de gravatás criticamente ameaçadas no Rio Grande do Sul, previstas como alvo no Plano de Ação Territorial (PAT) do Planalto Sul. A ação integra as medidas de mitigação adotadas nas obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS, em São José dos Ausentes, que abrangem áreas dos campos de altitude, uma das formações mais antigas da Mata Atlântica.
A ação foi executada pelo Consórcio Construtor do Lote 1, com apoio da equipe de Gestão Ambiental do empreendimento. As plantas estavam presentes em uma área destinada à retirada de material para execução do aterro, no km 53, próximo à divisa com a Serra da Rocinha. As atividades envolveram demarcação da área, busca ativa, identificação das espécies, remoção manual e realocação imediata em habitat similar nas proximidades.
Ao todo, foram transplantados 83 exemplares de Eryngium falcifolium, espécie associada a campos turfosos, banhados e campos rupestres relativamente úmidos. Seu valor conservacionista decorre da funão ecológica e da vulnerabilidade frente à supressão vegetal e à expansão agrícola. Também foram realocadas 256 unidades de Eryngium ramboanum, planta rara com distribuição restrita a São José dos Ausentes e área de ocorrência estimada em apenas 5 km². Além delas, foram transplantados 12 indivíduos de Parodia alacriportana, cactácea de ocorrência extremamente restrita, presente apenas em afloramentos rochosos de altitude do RS e SC.
O PAT Planalto Sul é coordenado pelo Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema), e tem como objetivo minimizar os fatores que ameaçam 22 espécies-alvo - 17 da flora e 5 da fauna -, especialmente a redução e a degradação do habitat, decorrentes de atividades humanas irregulares. Outra ameaça relevante é a insuficiência de informações sobre distribuição e ecologia das espécies.
Assim, a parceria com o Licenciamento Ambiental Federal, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), vem aumentando o conhecimento técnico e contribuindo para ações de proteção efetiva. Por outro lado, práticas como pecuária extensiva tradicional e turismo sustentável são compatíveis com a conservação, demonstrando que a manutenão dos remanescentes não inviabiliza usos econômicos responsáveis. Proteger os campos nativos é compromisso estratégico para o futuro da região, sendo um dos aspectos reforçados pelas iniciativas de comunicação e educação da Gestão Ambiental junto às comunidades.