Voltar para Notícias
10 de Julho de 2017 Obras

Preservação do Patrimônio arqueológico ajuda a reconstituir a história de Timbé do Sul

Preservação do Patrimônio arqueológico ajuda a reconstituir a história de Timbé do Sul
A construção de novas rodovias ® geralmente associada a benef¡cios futuros, mas o que nem todos sabem
® que estes empreendimentos também súo uma oportunidade de conhecer melhor o passado de uma
regiúo. Isso porque o licenciamento ambiental prev¬ medidas de preservação do Patrimônio arqueológico,
visando trazer á tona informaºÁes que permitam reconstituir a história de antigas ocupaºÁes humanas. Nas
obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, entre São José dos Ausentes (RS) e Timbé do
Sul (SC), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) executa o Programa de
Prospecção e Resgate Arqueológico, o qual contempla núo apenas escavaºÁes e pesquisas, mas também
atividades de Educação Patrimonial com a comunidade e colaboradores.

Os estudos começaram ainda na fase de obtenção das Licenças Prévia e de Instalação do
empreendimento, em 2011, com a realização de pesquisas que indicaram vest¡gios de uma ocupação muito
antiga na regiúo. O Instituto do Patrimônio histórico e Art¡stico Nacional (IPHAN) recomendou entúo que
fosse realizado o resgate destes bens arqueológicos e ainda o monitoramento das obras de instalação. Em
janeiro de 2017 iniciou-se o resgate do S¡tio Arthur Piassoli, que está localizado na írea de implantação do
contorno urbano de Timbé do Sul. De acordo com a arque│loga da Gestão Ambiental (STE S.A.), Mariana
AraÚjo Neumann, lí foram encontrados materiais de pedra lascada e polida denominados artefatos l¡ticos.
Ou seja, nem sá? de piráómides vive a arqueologia. áÔé¼s vezes, objetos ou pequenos pedaços de objetos
podem narrar os fatos acontecidos em algum momento Histórico. ôAs peças encontradas, como machados
e plainas, foram utilizadas por sociedades ind¡genas pr®-coloniais em atividades de exploração
agroflorestal, explica a especialista.

O acervo coletado está resguardado na instituição de apoio do projeto, a Universidade do Extremo Sul
Catarinense (UNESC), de Cricióma (SC), a qual desenvolve pesquisas sistemíticas sobre ocupaºÁes
indágenas na regição. ?ôA gente sabe o que aconteceu em cima e embaixo da serra, mas dentro dela falta
documentação, destaca a arqueáóloga, lembrando que existe uma lacuna em relação áá prá®-histáória do
interior dos cáónions. Ela tambáém ressalta que a pesquisa arqueoláógica á® recente no Brasil " os primeiros
projetos sção da dáécada de 1960 " e que os estudos foram impulsionados pela instalação de
empreendimentos licenciados. œO licenciamento ambiental permitiu conhecer muito do passado do Brasil e
reconstruir nossa histáória com outro ponto de vista.

Educação Patrimonial compartilha o conhecimento

Os resultados e o conhecimento adquirido estão sendo compartilhados com a comunidade por meio de
atividades de Educação Patrimonial. ôAs ações visam contribuir e dar subsádio para a crática e a
compreensção da dináómica histáórica e da forma como chegamos a viver como vivemos, afirma a arqueáóloga
Mariana Araójo Neumann. Na óltima semana do m¬s de junho foram realizadas atividades de sensibilização
com alunos e colaboradores do Lote 2.

As turmas do 1o e 2o anos da Escola de Ensino Bísico Timbé do Sul contaram com palestras sobre
Patrimônio cultural e arqueologia, além de uma aula prítica na trilha do Portal do Palmiro, no interior do
munic¡pio, onde gravuras rupestres indicam a presença de civilizaºÁes do passado na regiúo. A atração
principal ® a caverna conhecida como Toca do Tatu, que recebeu esse nome por tratar-se de uma paleotoca
- abrigo escavado por mam¡feros gigantes (como o tatu e a preguiça) que foram extintos hí cerca de 10 mil
anos. No interior da furna os alunos visualizaram diferentes grafismos rupestres, que súo imagens gravadas
em incisÁes na pr│pria rocha, e foram desafiados a imaginar como estas pessoas viviam.

Jí os estudantes do 6o ano da instituição tiveram a oportunidade de conhecer o Laboratório de Arqueologia
vinculado á UNESC. Profissionais do local explicaram que a arqueologia investiga o passado a partir dos
vest¡gios deixados por grupos humanos. Vale lembrar que esta ci¬ncia ® muitas vezes confundida com a
paleontologia, que pesquisa a história da vida na Terra através dos fósseis (como os dinossauros). Na
conversa também foram mencionados diferentes tipos de s¡tios arqueológicos que representam os modos
de vida das populaºÁes que ocuparam Santa Catarina, como os Sambaquis, dos povos do litoral; as casas
subterróneas dos ¡ndios Xokleng; e os s¡tios cerómicos dos povos Guarani.

A equipe falou sobre como ocorrem as escavaºÁes e as técnicas empregadas em s¡tios como os
resgatados na faixa de dom¡nio da BR-285/RS/SC e guiou os estudantes em uma Exposição de peças
originais e réplicas de artefatos feitos de pedra lascada, cerómica e ossos de animais. No laboratório
propriamente dito, os arqueólogos demonstraram como ® feita a higienização e a catalogação das peças,
destacando os usos e os procedimentos utilizados para produção dos materiais. O aluno Giuliano de Souza,
12, fez váírias perguntas e revelou tudo o que aprendeu com a visita. ?ôAprendi muita coisa sobre os
indágenas e as ferramentas que eles usavam. Ele conta que a atividade despertou o gosto pelo
conhecimento. ┼ôVou levar para minha vida pessoal e ensinar minha mçe e meu padrasto. Gostei muito,
quero vir mais vezes e aprender mais.

O diílogo sobre a temítica também incluiu cerca de 50 colaboradores do Lote 2, também em Timbé do Sul.
Além de explicar o contexto do resgate realizado nas obras, foi apresentado um vídeo destacando técnicas
e metodologias semelhantes ás aplicadas no empreendimento. Mariana destacou a importóncia das
equipes de trabalho na preservação do Patrimônio Histórico e cultural durante as obras. ôAs etapas de
supressúo vegetal e terraplenagem súo as mais prop¡cias ao encontro destas peças. Precisamos do apoio
de vocá¬s para que qualquer material diferente ou estranho seja encaminhado áá Gestora Ambiental,
afirmou.