Publicada em 15 de Janeiro de 2025

Pesquisadores da UFRGS coletam exemplares de orquídea rara nas obras

Durante as atividades ambientais realizadas no entorno das obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS, em São José dos Ausentes, uma espécie rara de orquídea foi identificada pelas equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A descoberta chamou a atenção de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que realizaram uma visita ao local, nos dias 6 e 7 de janeiro, com o objetivo de coletar exemplares da planta e observar as populações em seu ambiente natural.

De acordo com o professor Rodrigo Singer, a Gomesa barbaceniae é uma espécie incomum, cuja polinização parece depender de abelhas nativas. “Não sabemos nada sobre seu sistema reprodutivo e, no momento, desconhecemos os polinizadores naturais”, afirma. Ele explica que as orquídeas da região aparentam estar muito bem adaptadas às condições de alta umidade e frio, o que é raro para um agrupamento principalmente tropical. As principais ameaças, complementa, são a perda de hábitat e a exploração ilegal, pois muitas orquídeas - assim como cactos e bromélias - têm alto valor ornamental.

A espécie foi localizada no decorrer das ações de resgate de plantas ameaçadas ou de interesse ecológico, medida que busca minimizar os impactos do empreendimento à vegetação. Desta forma, exemplares foram retirados da área de interferência das obras e levados para o viveiro florestal do Consórcio Construtor. Agora, conforme o professor, as orquídeas serão cultivadas no Jardim Botânico de Porto Alegre para funcionarem como um banco de germoplasma (material genético) vivo, permitindo ainda que alunos do Programa de Pós-Graduação em Botânica da universidade estudem a espécie.

O licenciamento ambiental e a produção de conhecimento

Em relação ao licenciamento ambiental, Singer destaca que o resgate abre a possibilidade de estudos aprofundados e específicos sobre a biologia destas plantas, contribuindo para o conhecimento científico em muitas áreas. “Em última instância, o conhecimento produzido nos permite propor ideias para o gerenciamento destas espécies por parte das autoridades, em diversas instâncias”, salienta. 

O pesquisador também enfatiza a necessidade de incluir as comunidades locais nos esforços de conservação.  Nesse sentido, cabe salientar que a Gestão Ambiental da BR-285/RS/SC conta com os Programas de Educação Ambiental e Comunicação Social, os quais ajudam a estabelecer pontes entre o conhecimento científico e o saber popular, construindo espaços e processos para que as pessoas atuem como guardiãs da biodiversidade em seus territórios.