Publicada em 24 de Agosto de 2017

Passado, presente e futuro: história da BR-285/RS/SC é motivo de projeto escolar

Investigar o passado é um passo importante para compreender as transformações do presente e projetar
os desafios do futuro. É com este olhar que a Escola Municipal Frei Modesto trabalha as mudanças que
estão em curso em Timbé do Sul (SC) desde o início das obras de implantação e pavimentação da BR-
285/RS/SC. A valorização do patrimônio histórico e cultural do município é também incentivada pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) nas diversas atividades realizadas com as
comunidades. No mês de agosto, alunos do 2° ano tiveram a oportunidade de explorar mais a fundo essa
perspectiva em ações desenvolvidas com a equipe da Gestora Ambiental (STE S.A.) do empreendimento.

No dia 11 a turma visitou a senhora Felisberta Simonetti de Aguiar, de 82 anos, que mora às margens da
rodovia na localidade de Rocinha. As lembranças ainda vivas na memória ajudam a reconstituir os hábitos
e rotinas da população a partir da década de 1930, época em que o pai ajudou a abrir a atual Serra da
Rocinha com o auxílio de picaretas. Ela viu e conviveu com os tropeiros que traziam produtos como
charque, queijo e café de São José dos Ausentes (RS), pernoitavam na propriedade da família e retornavam
levando arroz, farinha de milho e rapadura. Era criança quando inauguraram a estrada. “Foi a primeira vez
que vi um carro”, contou. Dona Felisberta respondeu a muitas dúvidas das crianças, principalmente sobre
a ausência de tecnologias hoje tão comuns como telefone, televisão ou mesmo energia elétrica. A
pavimentação da serra, para ela, está dentro da ordem natural das coisas. “Tudo evolui e não era possível
ter apenas 30 quilômetros sem asfalto”, observou.

A sequência da atividade ocorreu no dia 22, com uma visita ao viveiro florestal localizado no canteiro de
obras do Consórcio que executa o lote catarinense. A equipe explicou que diversas plantas encontradas
na serra são realocadas para este espaço durante as obras. “Depois elas serão reintroduzidas o mais
próximo possível do local de origem” acrescentou a educadora ambiental Ciane Fochesatto. A turma foi
então convidada a realizar o plantio da araucária utilizando pinhões como sementes. Cada muda recebeu
uma plaquinha com o nome do aluno responsável. O pequeno Davi Tramontin Pelizzari, de 7 anos, já sabe
qual o futuro da plantinha. “Ela vai crescer na serra e dar frutos. Acho legal plantar árvores novas no lugar
das que estão tirando para fazer a obra”, afirmou.

Para a bióloga responsável pelo viveiro, Anaitê Zanette Stüpp, é gratificante dividir com a população o
trabalho realizado. “Estamos resgatando plantas raras e ameaçadas de extinção que muitas vezes as
pessoas sequer conhecem. Tem uma importância imensa, especialmente com a riqueza da flora que
encontramos aqui. É recompensador dar esse retorno para comunidade.” A diretora da escola, Fabiana
Alexandre Panatta, ressalta que o objetivo final do projeto é estruturar um memorial na instituição. “Estamos
partindo da história da BR-285 e fazendo o levantamento das transformações que ocorreram no decorrer
do tempo. É interessante observar como era, como está hoje e como vai ficar. A escola depois quer montar
um memorial com as fotos, entrevistas e objetos antigos que conseguir”, explicou.