Planta de folhas gigantes é protegida nas obras da BR-285/RS/SC
As obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, entre São José dos Ausentes (RS)
e Timbé do Sul (SC), estão inseridas em região de Mata Atlântica, cujas florestas e ecossistemas
formam uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta. Ainda que a vegetação nativa
esteja reduzida a cerca de 22% de sua cobertura original, conforme dados do Ministério do Meio
Ambiente, estima-se que neste bioma existam em torno de 20 mil espécies vegetais, uma riqueza
maior que a de alguns continentes inteiros. Para minimizar os impactos à flora local, o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT/SC) adota uma série de cuidados
previstos no licenciamento ambiental do empreendimento.
Uma das plantas que recebe atenção é o urtigão-da-serra (Gunnera manicata), também conhecido
como guarda-chuva ou folha-de-mamute. É a herbácea de maior porte que se tem conhecimento,
sendo que suas folhas palmadas podem chegar a três metros de diâmetro. Característica da borda
da Serra Geral, cresce junto aos córregos e vales em altitudes que variam de 900 a 1800 metros.
A planta é endêmica dos Campos de Altitude do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e
aparece na categoria “Quase Ameaçada” da Lista Nacional das Espécies da Flora Brasileira
Ameaçadas de Extinção. Conforme o engenheiro florestal da Gestora Ambiental (STE S.A.),
Rafael Cubas, por já serem áreas escassas e pequenas, os Campos de Altitude são suscetíveis a
ameaças decorrentes de atividades humanas, tais como agricultura, silvicultura e introdução de
espécies exóticas e de pastagem.
Durante as obras no Lote 2, em Timbé do Sul, a Construtora realiza o transplante dos exemplares
encontrados na Serra da Rocinha. “Todos os indivíduos da espécie estabelecidos no traçado da
estrada estão sendo realocados em locais próximos aos de origem e que não serão atingidos
pelas atividades de pavimentação, o que garante a continuidade da espécie em seu ecossistema”,
explica Cubas. Para o transplante, as folhas são podadas e em seguida as plantas são extraídas
do solo com o uso de ferramentas de jardinagem. As plantas também podem ser realocadas para
canteiros provisórios estabelecidos em lugares com características (altitude, solo, microclima)
semelhantes às da sua área de ocorrência natural. Nestes ambientes elas são protegidas da
excessiva luz solar, recebem rega periódica e controle de espécies daninhas. Mais de 500
exemplares já foram transplantados até o momento. “Ressalta-se que as atividades são recentes,
portanto, o sucesso das mesmas será determinado pela taxa de sobrevivência nos próximos
meses”, finalizou o engenheiro.