Bentônicos: organismos são indicadores de qualidade ambiental
Existem na natureza alguns organismos muito pequenos, que passam a maior parte da vida escondidos no fundo de
ambientes aquáticos, mas que cumprem um papel importante como indicadores de qualidade ambiental. São os
chamados macroinvertebrados bentônicos, como insetos, minhocas ou moluscos, os quais são monitorados pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por meio da Gestora Ambiental (STE S.A.), durante
as obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC.
Estes organismos de água doce têm cerca de 0,5 milímetro e vivem sobre o substrato de rios e lagos, fixados apedras,
cascalhos e folhas ou até mesmo enterrados no solo. Conforme a ecóloga Caroline Voser, da STE S.A., eles são
muito sensíveis a qualquer alteração no ambiente em que vivem e, por isso, são considerados bioindicadores.
“Dependendo da perturbação, podem desaparecer, modificar suas estruturas ou modo de vida. Através da
identificação da presença ou ausência deles nesses ambientes, em conjunto com análises da água e do substrato,
podemos estimar quais alterações foram responsáveis pela interferência.” O monitoramento nas obras indicará,
portanto, se houve impactos provocados por poluição ou modificação física do ambiente aquático. “Essas situações
podem levar a um aumento da população de predadores ou a uma diminuição dos organismos considerados mais
sensíveis”, completa a especialista. Ela ressalta que tais alterações só poderiam ser associadas a causas naturais se,
por exemplo, ocorresse uma catástrofe - como uma enchente de grande proporção - que viesse a modificar a estrutura
natural do habitat.
Nas obras da BR-285/RS/SC, o Plano Básico Ambiental (PBA) do empreendimento recomenda o monitoramento de
16 pontos no Lote 2, em Timbé do Sul (SC), o qual encontra-se com diversas frentes de serviço em andamento. A
equipe trabalha em áreas dos rios Serra Velha, Seco, Rocinha, Timbé e Molha Coco. Já no
Lote 1, em São José dos Ausentes (RS), serão monitorados 22 pontos a partir da retomada das obras no local. A
metodologia utilizada consiste em posicionar um coletor de malha contra a correnteza, revolvendo o sedimento com
o auxílio das mãos e desprendendo os organismos para que eles sejam levados em direção ao interior da rede. Três
subamostras são coletadas por ponto visando representar a heterogeneidade do ambiente. “Por serem organismos
muito pequenos e extremamente sensíveis, a coleta deve ser minuciosa a fim de preservar todas as estruturas
corporais desses indivíduos que serão analisados em laboratório”, afirma Caroline. Com todos os organismos
contabilizados e identificados, estudos estatísticos são feitos para obtenção das conclusões ecológicas.
De acordo com Caroline, os primeiros resultados permitiram caracterizar o ambiente estudado. “Amostramos um
número alto de indivíduos e famílias, o que representa uma excelente abundância e diversidade.” Além de serem
importantes ferramentas de avaliação ambiental, a ecóloga ainda destaca outro motivo para evitar impactos aos
macroinvertebrados bentônicos. “Os distúrbios afetam diretamente a estruturação da fauna no ambiente impactado,
pois o ciclo precisa estar em equilíbrio para que todos da cadeia cumpram seu papel funcional’, finaliza.